Mauro Vieira diz que, apesar da crise Lula x Maduro, relações com Venezuela devem ser preservadas

Mauro Vieira diz que, apesar da crise Lula x Maduro, relações com Venezuela devem ser preservadas

Chanceler afirmou que Venezuela é um vizinho ‘muito importante’. Sobre guerra no Oriente Médio, ministro voltou a dizer que reação israelense é ‘desproporcional’ e fora das normas. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
Pedro Kirilos/Estadão Conteúdo
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira (13) que o Brasil não pretende romper relações com a Venezuela, apesar dos ataques do regime de Nicolás Maduro contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As declarações foram dadas em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
“Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa, de forma alguma, que o Brasil deve romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela”, afirmou .
Para o ministro, a crise política vivenciada na Venezuela não deve ser enfrentada com sanções e isolamento.
“Pelo contrário, diálogo e negociação, e não isolamento, são a chave para qualquer solução pacífica na Venezuela”, disse.
Embora sejam aliados históricos, Lula e Nicolás Maduro passaram a ter divergências políticas públicas, que chegaram a níveis diplomáticos.
Essas divergências começaram a partir do momento em que o brasileiro começou a questionar o desenrolar do processo eleitoral venezuelano, contestado pela comunidade internacional em razão da falta de transparência sobre o resultado.
“A Venezuela é nosso vizinho grande e muito importante, a solução, porém, precisa ser construída pelos próprios venezuelanos e não imposta de fora com mais sanções e isolamento. Isso nós já vimos que não funciona”, completou o chanceler.
Venezuela volta a subir o tom contra governo brasileiro
Ao ser questionado por deputados sobre a retirada pelo governo Venezuelano, do embaixador do país no Brasil, o ministro disse que procedimentos do tipo são comuns na diplomacia e que a retirada não é “definitiva”.
“A questão do embaixador é que ele não foi retirado definitivamente. O embaixador da Venezuela em Brasília foi chamado para consultas por um período. Fui embaixador em Buenos Aires em um período excelente de relações bilaterais e fui, uma ou duas vezes, chamado para consultas por questões, por atritos, por diferenças que precisam ser explicadas”, afirmou.
Vieira afirmou ainda que o governo brasileiro não chamará de volta ao Brasil a embaixadora em Caracas, Glivânia Oliveira, como fez o regime de Maduro e que a diplomata é bem recebida pelo governo venezuelano.
Críticas a Israel
O ministro também teceu críticas ao governo israelense. O chanceler afirmou que Israel não cumpre as normas do direito internacional e que o país reage de forma “desproporcional” na Faixa de Gaza.
Ele afirmou que a reação israelense aos ataques do grupo terrorista Hamas, que começou em outubro de 2023, tornou a região de Gaza “um lugar inabitável”.
“Todo país tem o direito de se defender, desde que dentro das normas do direito internacional. Não é isso que Israel está fazendo. O que se assiste é uma reação desproporcional, que revela a busca de ganhos geopolíticos concretos, que nada tem a ver com a mera defesa nacional”, disse.
“O que começou com uma ação de terroristas contra civis israelenses inocentes tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino”, concluiu o chanceler.

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