Sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, futuro secretário abandonou disputa à Casa Branca para apoiar Trump. Kennedy Jr. é conhecido por espalhar teorias da conspiração e é a favor de proibir alguns imunizantes nos EUA. Saiba quem Trump escolheu para seu novo governo até agora
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu Robert F. Kennedy Jr. como futuro secretário de Saúde e Serviços Humanos. O anúncio foi feito em uma rede social na tarde desta quinta-feira (14). O cargo equivale ao de ministro de Saúde no Brasil.
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Kennedy Jr. é filho do senador assassinado Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy — que também foi morto enquanto estava no cargo, na década de 1960. Advogado, ele tem 70 anos de idade.
O futuro secretário é conhecido por ter se engajado na campanha antivacinação durante a pandemia de Covid-19 e por espalhar teorias da conspiração. Ele já chegou a afirmar que alguns imunizantes causavam autismo. Estudos internacionais apontam que isso não é verdade.
Neste ano, Kennedy Jr. se lançou como candidato independente na disputa à Casa Branca. No entanto, ele desistiu da campanha e anunciou apoio a Donald Trump faltando menos de dois meses para as eleições.
Na reta final da campanha e no discurso da vitória, Trump sugeriu que Kennedy Jr. poderia ter um cargo de relevância na Saúde. Ele também se disse aberto às ideias mais controversas do ex-candidato, como a remoção do flúor da água potável e a proibição de algumas vacinas.
Nesta quinta-feira, o presidente eleito afirmou que o futuro secretário irá trabalhar para restaurar as agências de pesquisa dos Estados Unidos.
“A Secretaria de Saúde desempenhará um grande papel em ajudar a garantir que todos sejam protegidos de produtos químicos nocivos, poluentes, pesticidas, produtos farmacêuticos e aditivos alimentares que contribuíram para a esmagadora crise de saúde neste país”, afirmou.
Ainda segundo Trump, por anos os americanos foram “esmagados pelo complexo industrial de alimentos e empresas farmacêuticas” que se envolveram em desinformação em saúde pública.
O presidente eleito disse que Kennedy Jr. será responsável por dar transparência às pesquisas científicas e acabará com a “epidemia de doenças crônicas” nos Estados Unidos.
Nas últimas semanas, Kennedy Jr. disse nas redes sociais que iria combater condições como obesidade, diabetes e autismo, e reduzir produtos químicos em alimentos. Ele também prometeu uma ampla reforma na FDA, que é a agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA.
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Robert F. Kennedy Jr.
Thomas Machowicz/Reuters
Quem é Robert F. Kennedy Jr.
Como co-fundador de um escritório de advocacia ambiental, Kennedy Jr. foi elogiado por seu ativismo em questões como água potável, inclusive trabalhando para limpar o Rio Hudson em Nova York.
Mas as opiniões antivacina dele provocaram uma forte reação, inclusive da própria família Kennedy. Em 2019, três parentes dele escreveram um artigo de opinião no site “Politico” denunciando as opiniões do advogado sobre imunizantes.
Dois anos mais tarde, Kennedy Jr. teve a conta excluída do Instagram por “compartilhar repetidamente” informações falsas.
Já em 2022, o Facebook e o Instagram removeram contas de um grupo antivacina fundado por ele, o Children’s Health Defense. No mesmo ano, ele invocou a Alemanha nazista durante um discurso antivacina em Washington em 2022.
Kennedy Jr. também publicou um livro — The Real Anthony Fauci —, no qual acusou o ex-chefe de doenças infecciosas dos EUA de “um golpe de Estado histórico contra a democracia ocidental”.
Ex-democrata, o advogado tentou concorrer nas primárias presidenciais do partido para as eleições de 2024. Mais tarde, optou por seguir uma candidatura independente.
Ao desistir da campanha presidencial, em agosto deste ano, Kennedy Jr. disse que iria apoiar Trump por causa do conflito na Ucrânia e pela “guerra pelas crianças”. Segundo ele, essas questões também foram determinantes para o fazer deixar o Partido Democrata.
À época, a família Kennedy reiterou apoio à candidata democrata Kamala Harris por meio de um comunicado.
Robert Kennedy Jr., à direita, fala em uma manifestação contra um projeto de lei que tiraria a capacidade dos pais de reivindicarem uma isenção filosófica para não vacinar os filhos em idade escolar contra sarampo, caxumba e rubéola.
Ted S. Warren/AP
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