Usuários do serviço Google Maps que estiverem fora dos EUA verão os dois nomes, caso o país não tenha uma designação oficial para o local. Imagem de satélite mostra furacão Milton na região do Golfo do México, em 2024
CIRA/NOAA/Handout via Reuters
A presidente do México, Cláudia Scheibaum, disse nesta quarta-feira (29) que vai enviar uma carta ao Google contra a adoção, pela plataforma, da mudança de nome do Golfo do México para “Golfo da América”.
O Google anunciou que adotará a mudança, que será feita pelos Estados Unidos após um decreto do presidente do país, Donald Trump.
Scheibaum disse que o documento vai lembrar a platafora de que “não é um país que muda (o nome dos mares internacionais), e sim uma organização internacional”.
“Vamos explicar conceitos de como se compõem os mares, o que são plataformas continentais, zona econômica exclusiva, mar territorial, zona contígua (conceitos que regulam e determinam a quem pertecem espaços marítimos). (…) Para dizer que há um organismo internacional que coloca nome nos mares internacionais. Para mudar o nome de um mar internacional não é um país que muda, e sim uma organização internacional”, declarou a presidente mexicana.
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Ela disse que seu governo pedirá também na carta que “a ‘América Mexicana’ apareça (no Google Maps, o serviço de mapas do Google)” em referência ao território mexicano. Países da América Latina constumam criticar o uso do termo “América” para definir apenas os Estados Unidos e não todo o continente americano.
Na segunda-feira, o Google afirmou que vai alterar o nome do Golfo do México para “Golfo da América” em sua plataforma de mapas Google Maps assim que a alteração for adotada por órgãos oficiais do governo americano.
A mudança seguirá a alteração que será feita também por órgãos oficiais dos Estados Unidos, após Trump assinar uma ordem executiva para que o nome fosse alterado.
Ainda antes de tomar posse, o presidente dos EUA afirmou que rebatizaria o Golfo do México por uma questão de justiça. Ele disse ainda que o novo nome seria mais bonito.
A mudança, ainda segundo o Google, será visível quando o usuário acessar o Google Maps apenas dos Estados Unidos. Assim, o nome do golfo se manterá inalterado caso o país de onde a pessoa estiver acessando mantiver Golfo do México como um nome oficial. Nos outros países, ele será designado com os dois nomes.
“Recebemos algumas perguntas sobre nomenclatura no Google Maps”, disse a empresa, em sua conta News From Google na rede social X. “Temos uma prática antiga de aplicar mudanças de nome quando elas são atualizadas em fontes oficiais do governo. Para unidades geográficas nos EUA, é quando o Sistema de Informação de Nomes Geográficos (GNIS) é atualizado.”
“Também é uma prática antiga: quando os nomes oficiais variam entre os países, os usuários do Maps veem seus nomes locais oficiais. Todos no resto do mundo veem os dois nomes. Isso se aplica aqui também”, diz o Google.
Trump assina decreto para rebatizar o Golfo do México como ‘Golfo da América’
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Veja onde fica o Golfo do México, que Trump promete mudança de nome para ‘Golfo da América’.
Equipe de arte/g1
O Golfo do México é o maior golfo do mundo, sendo cercado por terras da América do Norte e da América Central. A região tem uma superfície de aproximadamente 1,55 milhão de km², e seu subsolo é rico em petróleo. Além dos EUA, o golfo banha o México e Cuba.
Na ordem que troca o nome do Golfo, Trump justifica que a região foi uma artéria crucial para o comércio nos Estados Unidos e continua sendo uma área vital para a indústria marítima do país.
A presidente do México, Claudia Scheinbaum minimizou o decreto de Trump e afirmou: “Vale só para seu território continental. Para nós e para o resto do mundo inteiro segue sendo o Golfo do México”.
Denali
Segundo o Google, a mesma política será adotada em relação ao Denali, montanha mais alta dos EUA, que fica no Alasca, previamente conhecida como Monte McKinley — alteração que Trump mandou reverter, reestabelecendo o nome ocidental.
A montanha, com mais de 6.000 metros, é a mais alta da América do Norte. A medida homenageia o presidente William McKinley, que governou os Estados Unidos entre 1897 e 1901. A adoção de Denali foi feita por Barack Obama — o objetivo era utilizar o nome tradicionalmente usado pelos nativos para batizar a montanha.